O Dia Mundial do Livro foi instituído, pela UNESCO, em 1996. O dia escolhido, 23 de Abril, assinala uma data emblemática para a literatura, já que, segundo reza a História, neste dia, faleceram vários escritores, mundialmente aclamados, como Cervantes e Shakespeare.
A ideia da comemoração teve a sua génese numa tradição Catalã: a 23 de Abril, dia de Sant Jordi (São Jorge), é oferecida uma rosa a quem comprar um livro. Mais recentemente, a troca de uma rosa por um livro tornou-se uma prática adoptada em vários países do mundo.
Todos os anos, a UNESCO elege uma cidade como “Capital Mundial do Livro”. Em 2019, foi escolhida Sharjah (Emirados Árabes Unidos), como reconhecimento pelo seu programa: “Leia, você está em Sharjah”, direccionado para os grupos marginalizados, oferecendo propostas criativas para encorajar a participação das populações migrantes e favorecer a inclusão social, a criatividade e o respeito.
Para mim, os livros são jóias raras, bens (muito) preciosos… verdadeiros tesouros! Permitem-me sonhar, “viajar”… correr o mundo sem sair do lugar! São fonte de conhecimento inesgotável, contribuem para o meu bem-estar e influenciam o meu estado de alma.
Existem livros dos mais variados formatos e texturas… têm cheiro, alma e vida própria. Despertam paixões, levam-nos a viver aventuras emocionantes. Existem livros para todos os gostos, em papel tradicional ou em versão digital, versando os mais diversos assuntos, em prosa ou poesia, com ou sem imagens. O difícil é escolher perante tamanha diversidade.
Infelizmente, em Portugal, os livros são, em regra, objectos “caros” e, em tempos de crise, inacessíveis a muitas bolsas. Talvez este seja, também, um dos factores que contribui para o elevado grau de iliteracia verificado em Portugal.
As bibliotecas desempenham um papel fundamental na divulgação do livro e na promoção da leitura, mas é essencial que sejam proactivas, “vivas”, que não se limitem a armazenar e a expor os livros, devem empreender acções dinâmicas de “aproximação à comunidade”, tendo como principal público-alvo as crianças, incutindo-lhes o gosto e o entusiasmo pela leitura, como uma forma divertida de interagir e brincar, ensinando-as a compreender o que está escrito nos livros e a reflectir sobre o que lêem, de forma a construir a sua visão pessoal sobre a temática abordada. Muitas crianças e jovens não gostam de ler porque, grande parte das vezes, não compreendem e não são capazes de interpretar o que lêem.
O investimento nas crianças é fundamental, porque elas são excelentes vectores de transmissão de informação no seio das suas famílias e comunidades escolares e constituem o substrato da “nova” sociedade, são os adultos do futuro.
As escolas e os professores, em particular, assumem uma importância fulcral em todo o processo de aprendizagem e promoção da leitura, tendo em conta que exercem uma grande influência sobre crianças e jovens, funcionando como “modelos”, ajudando a construir a sua própria identidade enquanto cidadãos, dotando-os de capacidade reflexiva, essencial para a formação da “massa crítica” que Portugal tanto precisa.
Este dia também nos deverá levar a reflectir sobre a evolução dos livros, a médio e longo prazo, fruto das novas tecnologias. Os livros digitais oferecem novas oportunidades de acesso ao conhecimento, a um preço reduzido e “à distância de um clique”, mas, os livros tradicionais continuam a ter as suas “virtudes”: são seguros contra a falsificação, facilmente transportáveis e sem necessidade de equipamentos adicionais para a sua leitura.
Os livros são um bem cultural, essencial para o desenvolvimento da literacia e do progresso económico, são os nossos melhores aliados na disseminação da educação, da ciência, da cultura e da informação. A variedade de livros e o conteúdo editorial constituem fontes de “enriquecimento” que devem ser apoiadas através de políticas públicas. Essa “bibliodiversidade” representa a riqueza comum, que faz dos livros muito mais do que meros objectos físicos, convertendo-os na mais bela invenção para partilhar ideias, ultrapassando as fronteiras do espaço e do tempo.
Boas leituras!