Ao longo do mês de Setembro irá assinalar-se, em todo o Mundo, o mês da Doença de Alzheimer (DA). O lema da campanha internacional deste ano: "Vamos falar de Demência" pretende combater o estigma associado à doença e alertar para a especificidade e exigência dos cuidados que estas pessoas necessitam, ao longo da sua vida.
A DA engloba cerca de 50% a 70% de todos os casos de Demência sendo, por isso, a forma mais comum. O seu nome deve-se a Alois Alzheimer, médico alemão que, em 1906, descreveu a patologia pela primeira vez. É uma doença neurodegenerativa, caracterizada pela deterioração global, progressiva e irreversível de diversas funções cognitivas (memória, atenção, concentração, linguagem, pensamento, entre outras). Esta deterioração provoca alterações no comportamento, na personalidade e na capacidade funcional da pessoa, dificultando a realização das suas actividades de vida diária. As células cerebrais vão sofrendo uma redução, de tamanho e número, formando tranças neurofibrilhares no seu interior e placas senis no espaço exterior existente entre elas. Esta situação compromete (inviabiliza) a comunicação dentro do cérebro e danifica as conexões (ligações) existentes entre as células cerebrais, que acabam por morrer, o que se traduz na incapacidade de recordar a informação, razão pela qual, à medida que a DA vai afectando as diversas áreas cerebrais, vão-se perdendo determinadas funções ou capacidades.
Qualquer pessoa pode desenvolver a DA. No entanto, é mais frequente ocorrer após os 65 anos. A taxa de prevalência da demência aumenta com a idade. A nível mundial, a demência afecta 1 em cada 80 mulheres, com idades compreendidas entre os 65 e 69 anos, sendo que no caso dos homens a proporção é de 1 em cada 60. Nas idades acima dos 85 anos, para ambos os sexos, a demência atinge, aproximadamente, 1 em cada 4 pessoas.
Existem dois tipos diferentes de DA. A DA esporádica que pode atingir adultos de qualquer idade, mas ocorre, habitualmente, após os 65 anos, constitui a forma mais comum e afecta pessoas que podem ter, ou não, antecedentes familiares da doença. Até à presente data o único factor de risco evidente para o seu desenvolvimento parece ser a existência prévia de um traumatismo craniano severo. A DA Familiar é uma variante mais rara, em que a doença é transmitida de uma geração para outra. Se um dos progenitores tem um gene mutado (alterado), cada filho terá 50% de probabilidade de herdá-lo. A presença do gene traduz a possibilidade da pessoa desenvolver a DA, normalmente, entre os 40 e 60 anos. Este tipo de DA afecta um número muito reduzido de pessoas.
Não existe qualquer teste específico para identificar a DA. O diagnóstico é realizado após uma observação clínica cuidadosa (pelo neurologista e/ou psiquiatra) que deverá incluir: historial clínico detalhado, exame físico, neurológico e do funcionamento intelectual, avaliação psiquiátrica e neuropsicológica e análises laboratoriais ao sangue e urina.
Nas fases iniciais, os sintomas da DA podem ser muito subtis, manifestando-se, frequentemente, por lapsos de memória e dificuldade em encontrar as palavras certas para objectos do quotidiano. Estes sintomas agravam-se à medida que as células cerebrais vão morrendo e a comunicação entre estas fica alterada.
Outros sintomas característicos:
• Dificuldades de memória persistentes e frequentes, especialmente, de acontecimentos recentes;
• Apresentar um discurso vago durante as conversações;
• Perder entusiasmo na realização de actividades, anteriormente apreciadas;
• Demorar mais tempo na realização de actividades de rotina;
• Esquecer-se de pessoas ou lugares conhecidos;
• Incapacidade para compreender questões e instruções;
• Deterioração de competências sociais;
• Imprevisibilidade emocional.
Os sintomas variam e a doença progride a um ritmo diverso, atendendo às áreas cerebrais lesadas e à predisposição do indivíduo afectado. As capacidades do doente podem alterar-se de dia para dia ou, até, durante o mesmo dia, com tendência a piorar em períodos de exposição ao stress, fadiga e a outros problemas de saúde. No entanto, é certo que existirá uma deterioração ao longo do tempo, visto que, a DA é progressiva e degenerativa e, actualmente, irreversível.
Para mais informações, consulte: Alzheimer Portugal