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Liberdade aos 42

Liberdade aos 42

21
Dez20

Alimentos de A a Z... Cacau


Na sequência da rubrica "Alimentos de A a Z", hoje, apresento-vos o cacau.

 

Alimentos de A a Z_cacau.gif

 

A árvore que dá origem ao cacau (originária de regiões de florestas pluviais da América Tropical, onde até hoje, é encontrada em estado silvestre, desde o Perú até ao México) possui o nome científico Theobroma cacao (atribuído por Carl Lineu).

cacaueiro apresenta um tipo de floração e frutificação pouco comum, ou seja, as flores (e os subsequentes frutos) nascem no tronco principal ou nos ramos que lhe estão próximos. 

O cacau é um fruto de casca dura e de coloração que vai do amarelo esbranquiçado até ao vermelho escuro, pode medir até 20 cm de comprimento e contém uma polpa branca ou rósea com sementes avermelhadas. 

Após a colheita dos frutos, as sementes são submetidas a um processo fermentativo e oxidativo para desenvolverem o aroma característico do cacau. Segue-se a secagem, que tem como objectivo diminuir o teor de água, sendo depois processadas industrialmente (em geral, nos países consumidores).

 

Factos históricos

O cacau chegou à Europa no início do século XVI, trazido pelos conquistadores espanhóis, mas apenas no século XVII entrou nos circuitos europeus e se tornou verdadeiramente popular.

No entanto, quando os primeiros colonizadores espanhóis chegaram à América, o cacau já era cultivado pelos índios, principalmente os Astecas, no México, e os Maias, na América Central. Os índios consideravam as sementes de cacau tão valiosas que, além de as usarem como moeda, estavam presentes nos seus rituais sagrados.  

O cacau, era utilizado pelos Maias na preparação de uma bebida amarga e refrescante, à qual atribuíam propriedades medicinais. Os Astecas, por sua vez, adicionavam condimentos e flores aromáticas à bebida de forma a torná-la mais atractiva ao paladar.  

As civilizações pré-colombianas, consumiam-no também sob a forma de bebida, à qual adicionavam piripiri e baunilha (estas especiarias são nativas da mesma região onde se encontravam os cacaueiros silvestres)

No entanto, foram os europeus que tiveram a ideia de misturar leite e açúcar ao cacau para criar o que conhecemos como chocolate. No final do século XVI, o surgimento da máquina a vapor ajudou a tornar a fabricação de chocolate mais expressiva, por facilitar a trituração dos grãos de cacau.  

 

A origem da semana inglesa

Em 1828, o químico holandês Johannes van Houten (1801-1887) inventou uma prensa capaz de separar a manteiga de cacau dos sólidos de cacau. Este último produto (cacau magro) podia agora ser utilizado num conjunto de produtos novos, entre os quais o chocolate em barra.

No final do século XIX, a firma Cadbury’s era a principal indústria britânica de chocolate e era, simultaneamente, propriedade de uma família quaker (grupo protestante conhecido pelo seu pacifismo) que tinha preocupações sociais vanguardistas.

Foi nesta empresa que se iniciou um novo tipo de horário de trabalho semanal, no qual as tardes de sábado, e não apenas o domingo, passaram a ser de descanso e lazer – a famosa semana inglesa.

 

O recurso a mão-de-obra escrava

No início do século XX, surgiram rumores de que o cacau proveniente de São Tomé, e utilizado na fábrica da Cadbury’s, seria produzido com recurso a escravos trazidos de Angola para São Tomé.

Em 1905, quatro anos após as primeiras denúncias, a Cadbury’s enviou uma expedição a África para averiguar a situação dos trabalhadores nas roças santomenses. A expedição regressou em 1907 com depoimentos e registos fotográficos que confirmaram os rumores.

Ponderou-se alterar a situação da escravatura em São Tomé, através de pressão diplomática dirigida às autoridades de Lisboa, mas na capital portuguesa vivia-se um clima pouco propício à análise destas questões devido às convulsões políticas.

Entretanto, a situação das roças santomenses e da sua ligação à Cadbury’s tornou-se notícia internacional e a empresa deixou de adquirir cacau proveniente da colónia portuguesa.

Esta decisão foi tomada não apenas por intrínsecas questões morais, mas também por pressão dos consumidores britânicos e europeus que tinham gradualmente adquirido uma consciência social na qual situações como as que se viviam em São Tomé eram inaceitáveis.

Embora a escravatura tenha sido oficialmente abolida, em alguns países africanos produtores de cacau (a Costa do Marfim é o maior produtor mundial) ainda persiste a tragédia do trabalho infantil, usado na colheita e secagem das sementes de cacau. O Protocolo de Harkin-Engel, assinado em 2001, no âmbito da Organização Mundial do Trabalho, é um acordo internacional que tenta responder a esta situação, infelizmente, sem grande sucesso.

 

Informação nutricional

Conhecido pela sensação de bem-estar que causa a quem o consome, muitas vezes sob a forma de chocolate, o cacau possui vários constituintes que justificam esse atributo, entre eles o , o triptofano, os  e o tipo de :

  •  é um mineral que, entre outros benefícios, induz a produção de dopamina, um neurotransmissor que regula o humor;
  • Triptofano, um aminoácido que induz o organismo a fabricar serotonina, um neurotransmissor que proporciona bem-estar e prazer;
  • De entre os vários compostos do grão de cacau, encontram-se também os  (ácido gálico e epicatecina). Estas substâncias com propriedades cardioprotectoras consistem num sub-grupo de substâncias , denominadas ;
  •  presente no cacau (ácido oleico e linoleico) eleva o nível de endorfina, também um neurotransmissor, que alivia a dor, causa euforia, sensação de segurança e calma.

 

Benefícios associados ao consumo

Além do anteriormente descrito, o  desempenha também um papel importante na regulação da , no equilíbrio dos fluídos corporais e na contracção muscular. Tem um leve efeito diurético pelo seu conteúdo em água e , que poderá ser benéfico no caso de  e hipertensão arterial ou em caso de perdas excessivas de , como durante a utilização de diuréticos. 

, igualmente presente em boa quantidade no cacau, desempenha funções a nível da transmissão neuromuscular, participa na regulação dos fluxos através das membranas celulares, coadjuva a actividade de algumas  em variados processos enzimáticos, e está envolvido na replicação de ADN.  

 é importante para a divisão das células, formação de glóbulos vermelhos, auxilia o sistema imunitário e, ainda, previne malformações no feto durante a gravidez.

 

Alerta associado ao consumo

É desaconselhado em casos de insuficiência renal, visto que nesta condição o consumo de  é restrito.

 

Comprar e conservar

O cacau deve ser conservado em recipientes opacos e vedados, ao abrigo da luz, do calor e da humidade, de forma a manter o seu aroma.

 

Sugestões de utilização:

Areias de cacau

Bolachas de cacau

Bolo árvore de Natal

Bolo-pudim de cenoura e cacau

Bolo salame de cacau

Panquecas de alfarroba e cacau

Tarte de cacau com frutos vermelhos

Tronco de cacau e café

 

https://revistajardins.pt/do-cacau-ao-chocolate-historia-e-origem/

https://www.vitalhealth.pt/bem-estar/6248-conhe%C3%A7a-os-benef%C3%ADcios-do-cacau-e-saiba-como-consumi-lo-de-forma-saud%C3%A1vel.html

https://saboreiaavida.nestle.pt/bem-estar/cacau

https://www.dn.pt/edicao-do-dia/12-set-2020/cacau-de-sangue-12711716.html

https://www.celeiro.pt/cuide-de-si/temas-de-saude/cacau-e-chocolate-os-seus-prazeres-sofisticados

https://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/97451

https://www.dol.gov/sites/dolgov/files/ILAB/legacy/files/Harkin_Engel_Protocol.pdf

 

18
Dez20

Presépio Algarvio...


As celebrações associadas ao Natal têm início, no Algarve, a 8 de Dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição. Nessa data, “deitam-se os trigos”, ou seja, pequenas sementes de trigo, milho, centeio ou alpista são colocadas em pequenos pratinhos de louça ou de barro (ou latas de conserva) para formar as “searinhas”, que enfeitarão os presépios.

O Presépio tradicional do Algarve não representa o cenário da gruta de Belém, conforme explica o Padre José da Cunha Duarte

"Nos tempos idos, nove dias antes do Natal, as famílias preparavam a casa para armar o Presépio ou armar o Menino. Geralmente faziam-no em cima de uma cómoda que se encontrava em frente da porta da casa de fora.

A casa era varrida e lavada. No chão, à frente da cómoda, ficava uma esteira de empreita, muitas vezes com motivos geométricos polícromos.

Em que difere e em que consiste o chamado Presépio Algarvio? Em cima da cómoda, revestida com uma toalha branca e com larga renda pendente, colocava-se um pequeno trono em escadaria, com aproveitamento de gavetas ou de medidas de cereais, também conhecido por altarinho, escadaria, penha ou charola, que imitava o altar-mor da Igreja.

Construído o trono, começava-se a ornar o Menino. As searinhas, germinadas dentro de chávenas ou pires pequenos desde a Festa da Imaculada Conceição, eram colocadas no trono, com arte, às quais se juntavam as típicas laranjas, que também se dependuravam na parede. A ladear o conjunto colocavam-se jarras com verdura, onde sobressaía a murta, o loureiro, o alecrim, a aroeira e a nespereira. Havia também a modalidade de se acrescentar à frente do trono ou a ladear o Menino, um arco enramado. Era o chamado Presépio armado em capela ou presépio com arco.

A encimar o trono erguia-se o Menino, primorosamente vestido, de pé, triunfante e vitorioso, rei e Senhor do Universo, o “botão” nascido da “roseira”. Por isso se colocava numa das mãos, um raminho de flores, geralmente de papel.

À frente do trono havia uma lamparina de azeite, sempre acesa até à festa da Apresentação de Jesus no templo e a Purificação de Nossa Senhora, em 02 de Fevereiro.

Diante deste Presépio se fazia a novena do Natal e circulavam famílias e amigos, pois o Menino vem para aproximar as pessoas, desfazer contendas, estreitar corações".

 

Presépio Algarvio.jpg

Presépio Algarvio

 

Esta tradição do Presépio em escadaria remonta, segundo alguns estudiosos na matéria, como é o caso do  Padre José da Cunha Duarte, à Idade Média, sendo típica do Algarve e podendo, também, encontrar-se na Ilha da Madeira, com a chamada “lapinha”, construída com três ou mais passadas (degraus) e ornamentada com frutas e searinhas. Nos Açores, o presépio com o Menino em pé denomina-se “altarinho” e são-lhe colocadas, igualmente, searinhas, sendo as paredes da sala onde ele é armado, ornamentadas com ramos de laranjeira e laranjas. 

Nota: No Barrocal Algarvio, as laranjas, colocadas no presépio, não eram apenas para ornamento. Possuir laranjas era sinal de distinção. Quando um afilhado ou pessoa amiga fazia uma visita na quadra natalícia, dava-se uma laranja que estava no Presépio. Se vinha o médico ou o prior a casa, as famílias ficavam muito felizes e sentiam-se honradas se eles retirassem uma peça de fruta do seu Presépio.

 

https://turismo.diocese-algarve.pt/tradicoes-do-algarve/item/692-natal-no-algarve

http://www.cgalgarve.com/presepio.html

http://www.aejbv.pt/pagina/images/2018-2019/presepio_tradicional_algarvio/Simbologia_do_Pres%C3%A9pio_Tradicional_Algarvio.pdf

http://museumunicipaldetavira.cm-tavira.pt/sites/default/files/COMO%20FAZER%20O%20PRESEPIO%20ALGARVIO.pdf

http://www.terraruiva.pt/2020/12/08/presepio-tradicional-algarvio-hoje-e-dia-de-semear-as-searinhas-de-natal/

https://agencia.ecclesia.pt/portal/o-natal-do-algarve-3/

https://barlavento.sapo.pt/destaque/presepio-algarvio-um-patrimonio-a-nao-esquecer

 

14
Dez20

Alimentos de A a Z... Bagas Goji


Na sequência da rubrica "Alimentos de A a Z", hoje, apresento-vos as bagas goji.

 

Alimentos de A a Z_bagas goji.gif

 
O goji é um fruto constituído por pequenas bagas vermelhas, que são desidratadas ao sol ou a temperaturas inferiores a 40ºC. São originárias do Noroeste da China e do Tibete e utilizadas, pelos chineses, há milhares de anos na Medicina Tradicional Chinesa. 
 
As bagas goji têm sido motivo de crescente interesse, desde que foram consideradas um dos mais potentes superalimentos, graças às suas propriedades nutricionais. Mas, como em tudo, sem moderação podem tornar-se prejudiciais. Podem ser consumidas cruas, em saladas, sumos, batidos, chás, com cereais ao pequeno-almoço, misturada nos iogurtes, ou de qualquer outra forma, mas sem exageros.
 
 
Benefícios associados ao consumo:
 

Ricas em carotenóides, betaína, polissacarídeos, vitaminas e aminoácidos, as bagas secas e a casca de raíz têm demonstrado alguns benefícios para a saúde. Segundo alguns estudos científicos, a ingestão de bagas de goji (essencialmente, o fruto e sumo do fruto) pode trazer benefícios em situações como a diabetes, distúrbios oftálmicos (dos olhos), qualidade do sono e perda de peso. Contudo, ainda não existem dados científicos suficientemente robustos que comprovem estes efeitos.

 

Riscos associados ao consumo:

Apesar dos seus benefícios o consumo de bagas de goji requer prudência e moderação, especialmente nos seguintes casos:

  • Gravidez e aleitamento. Alguns estudos, em animais, sugerem que as bagas de goji podem estimular as contracções do útero. Este efeito ainda não foi demonstrado em humanos, mas por questões de segurança, não se recomenda o consumo deste superalimento durante a gravidez. Durante a amamentação, o consumo excessivo das bagas também não é aconselhável uma vez que não existem dados de segurança disponíveis.
  • Interacções com a varfarina. Têm sido reportados casos em que ocorreu um aumento dos efeitos da varfarina quando associada a bagas de goji (chá, sumo). Dado ser uma interacção possível, é desaconselhado o consumo de bagas de goji a pessoas que tomem medicamentos anticoagulantes (como a varfarina) de forma a prevenir os riscos de hemorragia associados.

 

As bagas podem ser consumidas cruas ou secas (como passas) em saladas, sumos, batidos, chás, com cereais de pequeno-almoço, iogurtes, ou de qualquer outra forma, mas tendo sempre em atenção os seus riscos. A melhor forma de conseguir os nutrientes de que o seu organismo necessita é através de uma alimentação variada e equilibrada.

 

Sugestões de utilização:

Batido de papaia com frutos secos e bagas goji

Bolas energéticas com bagas goji

Bolo de iogurte com bagas de goji

Bolo de limão com bagas goji

Cookies de goji

Crumble com bagas goji

Lombo de porco em cama de legumes e bagas goji

Mousse de goji

Pizza de carne com bagas goji

Salada com bagas goji

 

https://www.farmaciasportuguesas.pt/menu-principal/bem-estar/os-pros-e-contras-das-bagas-de-goji.html

https://lifestyle.sapo.pt/saude/peso-e-nutricao/artigos/bagas-goji-um-poderoso-antioxidante

https://www.noticiasaominuto.com/lifestyle/1232556/descubra-8-beneficios-de-incluir-bagas-goji-na-sua-alimentacao

https://www.vidaativa.pt/cuidados-no-consumo-de-bagas-goji/

https://www.vidaativa.pt/sugestoes-de-receitas-com-bagas-goji/

https://culturasemergentes.ajap.pt/wp-content/uploads/2019/01/Manual_Culturas_Emergentes_Bagas_Goji_Digital.pdf

https://revistajardins.pt/cultura-das-bagas-goji/

https://blog.bodyscience.pt/bagas-de-goji/

https://www.vidarural.pt/insights/uma-baga-para-dar-muito-bago/

https://www.vidarural.pt/insights/bagas-de-goji/

https://lifestyle.sapo.pt/sabores/dicas/artigos/goji-as-poderosas-bagas-anti-envelhecimento-em-5-receitas-deliciosas

http://gojinatur.com/receitas/

 

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