Alimentos de A a Z... Cebola
Retomando a rubrica "Alimentos de A a Z", hoje, apresento-vos a cebola.
A cebola é um bolbo que, tal como o alho, pertence ao género Allium.
Pensa-se que teve origem na Ásia há mais de cinco mil anos. Nesta altura, os egípcios utilizavam a cebola quer como género, para pagar aos trabalhadores que construíam as pirâmides, quer como adorno para as tumbas egípcias dos reis, crentes que estes adquiriam os dons fornecidos pela cebola após a vida.
Ao longo dos tempos a cebola tem sido apreciada não só como ingrediente-chave de diversos pratos como também pelas suas propriedades terapêuticas. Era bastante popular entre os anciãos gregos e romanos como tempero quando não encontravam uma especiaria suficientemente picante. Entre as populações mais pobres, a cebola era a eleita devido ao seu baixo custo.
Cristóvão Colombo transportou cebola para as Antilhas e daqui o seu cultivo propagou-se por todo o hemisfério ocidental. Actualmente, os principais países produtores de cebola são a China, Índia, Estados Unidos, Rússia e Espanha.
Forma e variedades
Trata-se de uma planta bianual, cuja parte comestível, ou bolbo, consiste no engrossamento da zona da base das folhas, que se tornam carnudas, com uma cor que varia entre o branco e o violeta, cobertas por uma capa exterior de cor branca, vermelha e roxa, ou amarela e cor-de-ouro, consoante o tipo ou a variedade, rica em substâncias que contêm enxofre, que por sua vez é precursor de compostos voláteis tornando-se, consequentemente, o responsável pelo seu forte odor e sabor.
Um alimento com baixo valor energético, visto que o seu teor em água ronda os 94%. Há que salientar a importante contribuição da fibra; de vitaminas, nomeadamente a C, E e as do complexo B (ácido fólico, B3 e B6) e minerais, tais como potássio, fósforo, cálcio e magnésio. Além destes, ainda fornece uma quantidade considerável de alguns oligoelementos, como ferro, cobre, crómio, manganésio e molibdénio.
Vantagens e desvantagens
A cebola é um alimento rico num composto responsável pelos seus principais atributos, como sabor e odor pronunciados - disulfureto de alilo propilo. Adicionalmente, este composto está envolvido em mecanismos que conferem benefício para a saúde, como por exemplo - pela competição, a nível hepático, com os receptores de insulina - favorecendo o aumento de insulina disponível na corrente sanguínea para metabolizar a glicose diminuindo, desta forma, os valores de glicémia.
O crómio, também presente em quantidades consideráveis neste alimento, auxilia as células na resposta à acção da insulina. Alguns estudos clínicos revelam que o crómio pode diminuir, em doentes diabéticos, os níveis de glicémia em jejum, melhorando a tolerância à glicose, diminuindo os níveis plasmáticos de insulina bem como os de colesterol total e triglicerídeos, aumentando os de colesterol HDL.
As vitaminas C e E apresentam capacidade antioxidante sendo fundamentais na formação de colagénio, glóbulos vermelhos, ossos e dentes. A vitamina C também promove a absorção do ferro férrico.
Um flavonóide particularmente abundante na cebola é a quercetina, conhecida pelas suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, motivo pelo qual deve privilegiar o consumo de cebola durante o período de gripe ou constipação.
O fósforo e magnésio também desempenham um papel importante na formação dos ossos e dentes assim como no bom funcionamento intestinal, nervoso, muscular e imunitário.
O contributo do ácido fólico é essencial para a formação de glóbulos vermelhos, síntese de material genético e de anticorpos.
A evidência tem demonstrado que a ingestão regular de cebola reduz os níveis séricos de colesterol total e a tensão arterial, ajudando a prevenir patologias do foro cardiovascular. Estes efeitos benéficos devem-se também ao teor em compostos sulfurados, crómio e vitamina B6 por diminuirem os níveis plasmáticos de homocisteína – factor de risco para esta patologia.
A ingestão de cebola associa-se ainda à redução de sintomas associados a condições inflamatórias, pois contém compostos que inibem a lipoxigenase e cicloxigenase – enzimas que geram prostaglandinas inflamatórias e tromboxanos – reduzindo, desta forma, o efeito pró-inflamatório, que é potenciado pela acção da vitamina C e quercetina.
Como utilizar
Embora a cebola seja grandemente apreciada, apresenta um “senão” que é o facto de deixar sempre uma lágrima no olho de quem a manipula!
O composto responsável por este fenómeno é um disulfureto de alilo propilo que é produzido quando os compostos de enxofre se libertam pelo rompimento das células da cebola e são expostos ao ar.
Para atenuar este efeito, descasque a cebola cerca de uma hora antes do corte, desta forma, irá tornar mais lenta a actividade da enzima que produz o disulfureto de alilo propilo e é uma escolha alternativa ao método tradicional de cortar a cebola sob água corrente. Este último processo pode diluir a quantidade de disulfureto de alilo propilo, diminuindo a irritação nos olhos, mas também diminui os seus efeitos benéficos na saúde.
Sugestões de utilização:
Aros de cebola fritos com molho de tomate
Asas de frango agridoces com cebola roxa
Batatas assadas com cebola e bacon
Chutney de cebola roxa, maçã e gengibre
Estufado de cebola nova caramelizada
Farofa de cebola roxa e cenoura
Pataniscas de beringela e cebola roxa
Pickles rápidos de pepino e cebola
Tarte de bacon cebola e pimento assado
Tarte de cebola caramelizada com queijo azul
Tortilha de batata e cebola à espanhola
https://saboreiaavida.nestle.pt/bem-estar/cebola#gs.2n6v4m
https://www.bejo.pt/cebola?f%5B0%5D=field_organic%3A0
https://omeujardim.com/artigos/como-cultivar-cebolas
https://acientistaagricola.pt/como-plantar-cebola/
https://www.teleculinaria.pt/blog/ingrediente-rei-cebola/
https://www.teleculinaria.pt/videos/cortes-de-cebola/