26
Jun20
A Liberdade de... Ó Menina
Liberdade
Desafiaram-me a escrever acerca da liberdade. Aceitei, sem imaginar o quão difícil poderia ser discorrer, por estes dias, acerca de algo que julgávamos tão simples e adquirido.
Os dias foram correndo sem conseguir encontrar o caminho certo a percorrer com este mote.
Podia escrever sobre os pássaros que preenchem o silêncio da rua sem que lhes limitemos tanto as asas como noutras Primaveras, mas não me apetece, deixo para os poetas.
Podia escrever acerca do teletrabalho e do quanto estávamos enganados acerca da liberdade que lhe supúnhamos, antes do escritório ter ocupado a nossa casa sem pedir licença, mas também não me apetece, deixo para os sociólogos.
Lembrei-me das crianças que podem andar para trás na box e escolher a que horas assistem à aula de estudo do meio que pode muito bem ser a hora a que o colega de carteira está a treinar a leitura, a fazer ginástica ou no mais profundo silêncio, sem se mexer, à espera que o pai acabe o trabalho para o ajudar com os deveres ou o jantar porque o mundo é das crianças mas as facturas para pagar são dos pais e um pai em teletrabalho não é considerado cuidador ou trabalhador por inteiro... Passo! Vou deixar para os psicólogos.
Olhei em volta e as opções já eram poucas.
Pensei na liberdade que sinto ao trabalhar, resguardada na intimidade, sem soutien mas isso diz mais da falta de liberdade que temos em sociedade do que dela propriamente dita.
Demorei-me mais um pouco e quando reparei já estava no fim do prazo e a falta de tempo tolhe-me a liberdade de reflectir e criar um texto que correspondesse às expectativas que a autora do desafio em mim depositara, o que me faz pensar no quanto limitamos a nossa liberdade por aquilo que achamos que esperam de nós mas já não tenho tempo.
Agradeço o desafio que me permitiu reflectir acerca da liberdade mesmo que não tenha terminado sem a certeza de que escrevi acerca dela.
Texto da autoria de: Ó Menina