A Liberdade de... Sarin
Liberdade é…
… alimentar ideias até na ponta da navalha. E escolher o fio com que as soltar ou prender.
… dançar nas águas movediças como nas areias estagnadas e de música esquecidas. Dançar porque apetece ou não dançar de todo.
… calçar e descalçar os medos recusando a moda de temores alheios. Sem receios.
… anelar branduras de musgo ao sol de um choupo velho e inalar loucuras de maresia onde ele não há. Só porque sim.
… sofrer os riscos polidos pela vontade de os correr. E fazer da vontade meta.
… travar as guerras escolhendo a paz pegando em pás. Que o longe se faz perto quando ombreamos na sementeira e na colheita.
… matar as horas e os meios-termos antes de termos os meios mortos e sem horas.
Porque
Liberdade não é…
…Ter o pensamento tolhido colhido conduzido.
… Ter os pés pesados por grilhões trauteados.
… Viver os temores impostos, expostos ou sussurrados.
… Penar a vida e perder o sono. Com eles o sonho.
… Não arriscar no receio de estragar o esboço que se finge pintura.
… Dar o ombro às armas em nome da paz, as pás para covas e trincheiras.
… Torcer para não partir. E acabar-se ficando sem ficar.
Liberdade é também gritar o que nos corre no sangue
E calar quando apetece.
Como eu farei agora, após salpicar de gritos as folhas da MJP.
Um beijo para ti que me convidaste.
E um beijo para quem te aqui (me) ler.
Imagem de Valentin Robert em Street Art Utopia
Texto da autoria de: Sarin