Dia da Mulher
Ao longo de muitos séculos, o papel da mulher esteve confinado à sua função de mãe, esposa e dona de casa, sendo-lhe vedado o acesso ao trabalho, remunerado, fora do núcleo familiar; tarefa desempenhada exclusivamente pelo homem.
Com o incremento da Revolução Industrial, na segunda metade do século XIX, muitas mulheres começaram a exercer uma actividade laboral, embora auferindo uma remuneração (muito) inferior à do homem.
A consagração “oficial” do dia 8 de Março como “Dia Internacional da Mulher” ocorreu em 1975, por iniciativa da Organização das Nações Unidas.
Esta data surge associada a uma luta histórica, levada a cabo no ano de 1857, por centenas de mulheres, operárias têxteis de uma fábrica, em Nova Iorque, que decidiram realizar uma greve inédita para exigirem melhores condições laborais, nomeadamente, a redução do horário de trabalho para 10 horas diárias (a carga horária diária era de 16 horas) e a equiparação de salários com os homens que desempenhavam as mesmas tarefas (as mulheres recebiam cerca de um terço do valor que era pago aos homens).
Segundo “reza a história”, estas mulheres terão sido fechadas no interior da fábrica onde, entretanto, deflagrou um incêndio, com consequências trágicas, culminando na morte de 130.
Actualmente, apesar de, a lei vigente, na maioria dos países, consagrar igualdade de direitos entre homens e mulheres, a “prática quotidiana” vem demonstrar que, ainda, persistem muitos preconceitos no que concerne ao estatuto e papel da mulher na sociedade.
Fruto de uma mentalidade ancestral, ao homem “ficava mal” assumir os trabalhos domésticos, o que se reflectia na duplicação de trabalho para a mulher que exercia uma profissão fora de casa.
Foi necessário (des)esperar longos anos, até às últimas décadas do século XX, para que o homem começasse, aos poucos, a colaborar nas tarefas caseiras.
Mas, se no âmbito familiar se vem constatando (com agrado) uma salutar mudança, na sociedade em geral, a condição da mulher está ainda, em muitas situações, “refém” de velhas mentalidades que, embora de forma não declarada, cerceiam a sua plena igualdade.
Os últimos dados, divulgados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), revelam que, em Portugal, as mulheres ganham, em média, menos 22,1% que os homens.
Outro dos aspectos realçados no relatório da OIT é o facto de, Portugal ser um dos países onde mais trabalhadoras têm a seu cargo dependentes, sejam eles crianças, idosos ou pessoas com incapacidade, constituindo uma barreira ao seu desenvolvimento profissional.
Actualmente, as mulheres estão integradas nos mais diversos sectores de actividade profissional, mesmo naqueles que, até há bem pouco tempo, se destinavam exclusivamente aos homens, nomeadamente, a intervenção em operações militares de alto risco.
Nos últimos anos, a festa comemorativa do Dia Da Mulher é aproveitada por muitas delas, de todas as idades, para sair de casa e festejar com as amigas, em restaurantes, bares e discotecas, o dia que lhes é dedicado, enquanto os homens ficam em casa a desempenhar as tarefas que, “tradicionalmente”, lhe são “impostas” (a elas): arrumar a casa, cozinhar, cuidar dos filhos...
Caro leitor não se esqueça, especialmente neste dia, de demonstrar todo o seu apreço e respeito pelas “mulheres (que fazem parte) da sua vida” (mãe, esposa, filha, irmã, amigas, colegas de trabalho, etc.)… mas não se fique por aqui…
Celebre este dia, “diariamente”, abolindo preconceitos, colaborando mais (com elas) nas tarefas diárias e olhando-as de igual para igual em todas as circunstâncias, quer no interior do seu lar, quer no seu local de trabalho.
Quando todos assim procedermos, deixará de haver necessidade de ter um dia dedicado à mulher.