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Liberdade aos 42

Liberdade aos 42

12
Jul19

"Pessimismo" ou "realismo"?!...


Este post surge na sequência de um outro, da autora do blog "pessoas e coisas da vida", intitulado: "Pessimista ou realista?" (respondendo a um "desafio" da mesma...)!

A dado momento do post, a imsilva, escreve:

«Quando dizemos "vai correr tudo bem" "prometo que vai ficar bem" "vais conseguir", sabemos que é só para apoiar e ajudar quem está com problemas e precisa de alento, porque NÃO SABEMOS se vai correr bem. Por isso, prefiro dizer "vamos ver como vai correr" "tenta o melhor que conseguires" e principalmente "estou aqui".»

De facto, a meu ver, não deveremos fazer tais afirmações se não acreditarmos nelas... claro que, não teremos a garantia de que tal se verificará, mas, se tivermos essa forte convicção, não estaremos a proferir palavras "vazias", incorentes, não estaremos a iludir o outro ou a contribuir para que crie uma "falsa expectativa" ( até porque, as expectativas, são criações internas, cada um é responsável pelas expectativas que cria).

A área profissional a que me dediquei (de alma e coração), durante mais de uma década - os Cuidados Paliativos - ensinou-me conceitos como "esperança realista" e a "técnica dos dedos cruzados" que, rapidamente, transportei para a minha vida pessoal...

Aprendi com os meus doentes que, a atitude com que encaramos os acontecimentos da vida, influencia grandemente a forma como lhes sobrevivemos... determina, até, a duração (e a qualidade) da própria vida...

O conceito de "esperança realista" consiste em, não retirando a esperança, levar a pessoa a reflectir sobre a sua situação e a "redimensionar" a sua esperança... ou seja, substituir um objectivo demasiado "ambicioso" (e impossível de alcançar) por outro que seja exequível...

Um exemplo concreto... quando uma pessoa em fim de vida me perguntava:

"Enfermeira Z, eu vou ficar boa?... vou ficar curada?"... eu respondia: "não lhe posso garantir que vai ficar boa, que se vai curar... mas... posso ajudá-la a controlar a dor que a sua doença lhe provoca... o que lhe parece?..."

A técnica dos dedos cruzados, impele-nos a encarar os problemas com uma atitude positiva, ou seja, o objectivo (o foco) é esperar (desejar), sempre, o melhor, no entanto, tendo presente que, a possibilidade de "correr tudo mal" é real e não pode ser desprezada e, por isso, é preciso conceber um "plano B" para responder a essa eventualidade...

Um exemplo concreto... quando uma pessoa em fim de vida me dizia:

"Enfermeira Z, tenho a certeza que esta quimioterapia me vai curar!"... eu respondia: "oxalá assim seja, mas, se a quimioterapia não resolver o problema, continuarei ao seu lado para a ajudar a controlar os sintomas que a sua doença lhe causa!"

Voltando a pegar nas palavras da imsilva: "estou aqui"! ... será, sempre, uma excelente atitude!

 

4 comentários

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    MJP 12.07.2019

    Olá, R.! :)

    Concordo contigo!... mentir ("ficcionar" a realidade) nunca poderá ser admissível...
    Uma coisa é o doente (e apenas o doente) não querer saber a "verdade"... só temos de respeitar... mas, isso, nunca poderá determinar a atitude face ao tratamento, ou seja, o profissional não pode "andar ao sabor da vontade" do doente...

    Beijo
  • Sem imagem de perfil

    Robinson Kanes 13.07.2019

    Nunca... Pode escolher os tempos certos para falar a verdade, colocando a questão assim, mas não esconder...

    Perante doenças em que a pessoa já não tem clareza de espírito, aí o trabalho terá de ser caso a caso, pelo menos na minha opinião.
  • Imagem de perfil

    MJP 13.07.2019

    Olá, R.! :)

    Não há "receitas"... o trabalho tem de ser, sempre, muito individualizado... porque, cada Ser Humano encerra, em si, uma unicidade incomparável...

    Dia Feliz!

    Beijo
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