Sobre a morte e o morrer...
Ontem, ao ler um post da Minha Querida AG, não resisti a fazer esta partilha...
Ao longo de mais de uma década da minha actividade profissional, a morte, foi a minha realidade diária... centenas, são as histórias de vida (e de morte) que tive o enorme privilégio de partilhar...
Quem costuma passar por aqui já percebeu que sou enfermeira (paliativista) e, apesar de me ter afastado do exercício profissional, sê-lo-ei para o resto da vida (de alma e coração)...
No momento da morte não há "filtros", tudo é transparente... as pessoas que estão a morrer adquirem uma clarividência que as transcende... conseguem aceder à nossa alma, aos nossos pensamentos, nada lhes conseguimos esconder (mesmo que queiramos)...
A morte, como uma cuidadora, uma vez, me disse: "é um momento solene"... não há que ter medo, não é preciso "fingir" que se é forte ou indiferente... só precisamos de SER (nós mesmos, genuínos, fiéis à nossa essência)... de ESTAR e dar expressão às nossas emoções e sentimentos... deixar fluir o nosso sentir... sem culpas, ressentimentos, arrependimentos...
O grande "privilégio" de se ter uma doença crónica, incapacitante, limitadora da vida (fatal), é que nos permite que haja tempo (oportunidade) para "fechar o ciclo", para as despedidas, para as reconciliações, para dizer: AMO-TE... PERDOO-TE... PERDOA-ME... ADEUS...