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Liberdade aos 42

Liberdade aos 42

16
Jul21

Liberdade e Dignidade...


Diz NÃO à liberdade que te oferecem, se ela é só a liberdade dos que ta querem oferecer. Porque a liberdade que é tua não passa pelo decreto arbitrário dos outros.

Diz NÃO à ordem das ruas, se ela é só a ordem do terror. Porque ela tem de nascer de ti, da paz da tua consciência, e não há ordem mais perfeita do que a ordem dos cemitérios.

Diz NÃO à cultura com que queiram promover-te, se a cultura for apenas um prolongamento da polícia. Porque a cultura não tem que ver com a ordem policial mas com a inteira liberdade de ti, não é um modo de se descer mas de se subir, não é um luxo de «elitismo», mas um modo de seres humano em toda a tua plenitude.

Diz NÃO até ao pão com que pretendem alimentar-te, se tiveres de pagá-lo com a renúncia de ti mesmo. Porque não há uma só forma de to negarem negando-to, mas infligindo-te como preço a tua humilhação.

Diz NÃO à justiça com que queiram redimir-te, se ela é apenas um modo de se redimir o redentor. Porque ela não passa nunca por um código, antes de passar pela certeza do que tu sabes ser justo.

Diz NÃO à verdade que te pregam, se ela é a mentira com que te ilude o pregador. Porque a verdade tem a face do Sol e não há noite nenhuma que prevaleça enfim contra ela.

Diz NÃO à unidade que te impõem, se ela é apenas essa imposição. Porque a unidade é apenas a necessidade irreprimível de nos reconhecermos irmãos.

Diz NÃO a todo o partido que te queiram pregar, se ele é apenas a promoção de uma ordem de rebanho. Porque sermos todos irmãos não é ordenanmo-nos em gado sob o comando de um pastor.

Diz NÃO ao ódio e à violência com que te queiram legitimar uma luta fratricida. Porque a justiça há-de nascer de uma consciência iluminada para a verdade e o amor, e o que se semeia no ódio é ódio até ao fim e só dá frutos de sangue.

Diz NÃO mesmo à igualdade, se ela é apenas um modo de te nivelarem pelo mais baixo e não pelo mais alto que existe também em ti. Porque ser igual na miséria e em toda a espécie de degradação não é ser promovido a homem mas despromovido a animal.

E é do NÃO ao que te limita e degrada que tu hás-de construir o SIM da tua dignidade.

Vergílio Ferreira, in 'Conta-Corrente 1'

 

L_D.JPGEm Liberdade...

 

12
Mai21

Dia Internacional do Enfermeiro!


Hoje, 12 de Maio, comemora-se o Dia Internacional do Enfermeiro!

"A Enfermagem é uma arte; e para realizá-la como arte, requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, quanto a obra de qualquer pintor ou escultor; pois o que é tratar da tela morta ou do frio mármore comparado ao tratar do corpo vivo, o templo do espírito de Deus? É uma das artes; poder-se-ia dizer, a mais bela das artes!"

Florence Nightingale

 

image.jpg"Anjos na terra"_ Mural de Mr.Dheo_V.N.Gaia

(para mais informações, clicar na imagem!)

 

13
Abr21

Gratidão e Liberdade de escolha...


Ontem tive de sair por volta das 13h para tratar de uma questão burocrática no Banco... depois de alguns episódios caricatos (que não importa aqui revelar), cerca das 14:30h estava despachada...

Estava uma tarde agradável, com Sol e algum vento e, ao invés de regressar a casa, resolvi ir até à Zona Ribeirinha de Alvor para tomar uma bebida fresca numa das esplanadas "coladas" à Ria...

Uma vez chegada ao local, a escolha da esplanada revelou-se (muito) fácil... apenas uma se encontrava em funcionamento...

Sentei-me numa cadeira, junto a uma mesa, de frente para a Ria...

V_Esp.JPG

 

E... rapidamente, o empregado de mesa se aproximou e perguntou se desejava fazer o pedido ou se aguardava por alguém... sorri e respondi que a companhia que desejava estava muito longe, por isso, seria apenas eu... ele retribuíu o sorriso e tomou nota do pedido (apesar de ambos usarmos máscaras, a troca de olhares denunciou os nossos sorrisos!)...

Enquanto aguardava pela minha bebida, fui surpreendida por uma bela companhia (que aparecia e desaparecia ao sabor da sua vontade)...

Pardal_1.JPG

Pardal_2.JPG

 

Gostaria de vos dizer que, enquanto saboreava a minha bebida e desfrutava da vista e da companhia intermitente deste simpático pardal, desfrutava do maravilhoso odor a maresia (que tanto aprecio)... só que não!!!... lamentavelmente, o único odor que pairava no ar (e nos irrompia narinas adentro, sem pedir licença) era o desagradável e enjoativo cheiro a fritos, que se sobrepunha, até, ao fumo dos cigarros dos fumadores ali presentes!!!

Mas... apesar desse desagradável facto, apenas conseguia sentir uma Enorme Alegria... só pensava o quanto me sentia Grata por ter Liberdade de escolha (e coragem) para dizer "basta!" e mandar "às urtigas" (ou a outro qualquer sítio que a vossa imaginação ditar) todos aqueles que não respeitam o meu trabalho e a minha forma de estar na Vida... 

(talvez quem não me conheça pense que é fácil "falar de barriga cheia"... são Livres de pensar o que quiserem... mas, a verdade, é que por mais dificíl que seja a situação, eu escolho sempre estar de consciência tranquila, nunca me trair, manter-me fiel aos princípios e valores que norteiam a Minha Vida, mesmo que isso me traga inúmeros dissabores...)

Terminada a bebida, fui passear um bocadinho à beira-ria...

cais.JPG

Desci até ao cais e deparei-me com um Enorme cardume de minúsculos peixinhos (muito difíceis de fotografar, tal era a velocidade a que se moviam!)...

cardume.JPG

 

No lado oposto à Ria, uma arriba transbordante de Vida...

arriba.JPG

 

Mais adiante, a Natureza mostra-se indiferente a qualquer confinamento e, resiliente como só Ela, floresce em qualquer ambiente...

Nat_cfn.JPG

Nat_palm.JPG

 

Já de regresso a casa... fui matar Saudades do Meu MAR...

MAR.JPG

MAR_P.JPG

 

Voltei para casa de coração cheio!

(De facto, preciso de muito pouco para me sentir Feliz!)

 

30
Jul20

Sobre a não discriminação...


Sou frontalmente contra a discriminação... seja ela negativa ou positiva!

Ontem, ao ler esta publicação do R., em que ele relatava um episódio que havia presenciado na Baixa Lisboeta, envolvendo elementos de etnia cigana, ocorreu-me partilhar convosco a minha experiência com os cidadãos pertencentes a esta minoria étnica.

Desde miúda que sempre convivi com a comunidade cigana. Na escola primária tinha vários colegas ciganos e nunca tive qualquer problema relacional.

Já adulta, no decurso do exercício da minha actividade profissional, ao longo de mais de duas décadas, atendi largas dezenas de utentes de etnia cigana e nunca tive qualquer problema. Creio que esta minha experiência positiva decorre do facto de sempre os ter tratado como "iguais" a todos os outros cidadãos a quem prestava cuidados de saúde, com respeito e consideração, mas sem qualquer discriminação positiva atendendo ao facto de pertencerem a uma minoria étnica.

Gostaria de vos relatar um episódio que espelha bem o que acabei de escrever:

Há cerca de 8 anos, mudei de local de trabalho e fui trabalhar para uma localidade onde existe uma extensa comunidade cigana. Prestava cuidados de enfermagem ao domicílio num bairro conhecido por ser problemático, onde predominava a comunidade cigana.

Um dia, enquanto me deslocava para o dito bairro, na unidade móvel de saúde, avistei um dos utentes (cigano) a quem prestava cuidados no domicílio (porque o mesmo não tinha condições para se deslocar ao centro de saúde para a realização do penso - tinha um ferimento na perna causado pelo cão do vizinho quando invadiu o seu quintal!!!), a circular de bicicleta na beira da estrada... pedi ao motorista que parasse para eu poder falar com o utente.

Cumprimentei o senhor e disse-lhe:

""Sr. X", fico muito satisfeita por vê-lo a andar de bicicleta, o que significa que já está muito melhor e não precisa de cuidados de enfermagem ao domicílio! Amanhã, deverá dirigir-se à sua enfermeira de família, no centro de saúde, para a realização do tratamento!"

O utente ficou algo surpreendido, sem saber muito bem o que dizer... e depois lá disse:

"Está bem, Sra enfermeira, amanhã vou ao centro de saúde. Obrigado!"

Despedi-me do utente e dei indicação ao motorista para seguirmos viagem... este, com um ar incrédulo, pergunta-me:

 - "A enfermeira sabe quem é este indivíduo?"

Eu respondi que sabia, que era um dos utentes a quem prestava cuidados domiciliários e o motorista disse-me:

"É o pai do "Y cigano", o maior traficante de droga das redondezas!"

Ao que eu respondi que isso não me dizia respeito e não faria com que eu tratasse a pessoa de forma diferente...

No dia seguinte encontrei o utente no centro de saúde, que fez questão de me cumprimentar e dizer:

"Sra enfermeira, cá estou eu para fazer o penso, como combinado!"

Vale o que vale... mas é a minha experiência!

Sempre tratei todas as pessoas com respeito e dignidade - como cidadãos - com os mesmos direitos e deveres, independentemente das suas diferenças (de qualquer índole) e continuo a acreditar que é a forma certa de proceder!

 

30
Jun20

2020 vai a meio... e os profissionais de saúde?!...


E assim, de repente (ou talvez não!), estamos a meio do ano...

Um ano diferente... arriscaria, mesmo, dizer que 2020 será, provavelmente, o ano mais atípico que a maioria de nós já experienciou...

Fomos brindados com acontecimentos inesperados (inimagináveis) que abalaram, provavelmente, algumas das nossas certezas...

Muito se tem opinado sobre o assunto... muitas teorias emergiram (com maior ou menor fundamento) sobre a origem do vírus, sobre a sua disseminação... 

No início do ano, creio que poucos pensariam que o vírus chegaria à Europa... à medida que o tempo foi decorrendo e as imagens do desespero (e da morte), que chegavam de Itália e de Espanha,  invadiam os nossos ecrãs, fomo-nos dando conta de que isto era "real"... que o "nosso dia" haveria de chegar... era inevitável a chegada do vírus a Portugal... muitos de nós, conhecedores das fragilidades do nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS) - onde eu me incluo - temeram o pior...

O SNS é (ou deveria ser) a "jóia da coroa"... a salvaguarda da nossa saúde, em última instância, da nossa Vida... o que é facto é que, ao longo de décadas, sempre foi negligenciado, subfinanciado, pelos sucessivos governos... era público... toda a gente sabia, mas ninguém parecia importar-se verdadeiramente... desde que "o trabalho aparecesse feito" ninguém queria conhecer "os meios usados para atingir os fins", porque o importante é ter estatísticas bonitas para apresentar - números de consultas, de cirurgias realizadas, etc....

Sempre houve uma tremenda falta de respeito pelos profissionais de saúde, estes sempre foram vistos como meras "peças de engrenagem" facilmente substituíveis... os sucessivos governantes nunca lhes prestaram atenção, nunca quiseram saber quem eram, nem precisavam de um nome, um número era suficiente para os identificar - o número mecanográfico - torna tudo mais fácil, não é?!...

Com a pandemia instalada, muitos rostos de profissionais de saúde tornaram-se públicos (por tristes razões), muitos tomaram consciência que os profissionais de saúde também são Pessoas, que têm famílias, amigos, que têm medos, fragilidades, que são vulneráveis ao contexto que os envolve... bateram-se palmas à janela, teceram-se rasgados elogios... mas...

O que é facto é que não sabemos quando esta pandemia chegará ao fim, prevendo-se que o caminho a percorrer ainda seja muito longo, e os profissionais de saúde, que não abandonaram a luta, continuam frágeis, vulneráveis, desprotegidos, com deficientes condições de trabalho, que não são novas mas que, em muitos casos, se acentuaram (e muito) com esta crise sanitária...

Os profissionais de saúde sempre acreditaram no SNS... ao contrário dos sucessivos governantes... que, apenas, se serviram dele e dos seus números (sem rostos)... e, lamentavelmente, prevejo que assim continuará...

 

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