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Liberdade aos 42

Liberdade aos 42

08
Mar19

Dia da Mulher


Ao longo de muitos séculos, o papel da mulher esteve confinado à sua função de mãe, esposa e dona de casa, sendo-lhe vedado o acesso ao trabalho, remunerado, fora do núcleo familiar; tarefa desempenhada exclusivamente pelo homem.

Com o incremento da Revolução Industrial, na segunda metade do século XIX, muitas mulheres começaram a exercer uma actividade laboral, embora auferindo uma remuneração (muito) inferior à do homem.

A consagração “oficial” do dia 8 de Março como “Dia Internacional da Mulher” ocorreu em 1975, por iniciativa da Organização das Nações Unidas.

Esta data surge associada a uma luta histórica, levada a cabo no ano de 1857, por centenas de mulheres, operárias têxteis de uma fábrica, em Nova Iorque, que decidiram realizar uma greve inédita para exigirem melhores condições laborais, nomeadamente, a redução do horário de trabalho para 10 horas diárias (a carga horária diária era de 16 horas) e a equiparação de salários com os homens que desempenhavam as mesmas tarefas (as mulheres recebiam cerca de um terço do valor que era pago aos homens).

Segundo “reza a história”, estas mulheres terão sido fechadas no interior da fábrica onde, entretanto, deflagrou um incêndio, com consequências trágicas, culminando na morte de 130.

Actualmente, apesar de, a lei vigente, na maioria dos países, consagrar igualdade de direitos entre homens e mulheres, a “prática quotidiana” vem demonstrar que, ainda, persistem muitos preconceitos no que concerne ao estatuto e papel da mulher na sociedade.

Fruto de uma mentalidade ancestral, ao homem “ficava mal” assumir os trabalhos domésticos, o que se reflectia na duplicação de trabalho para a mulher que exercia uma profissão fora de casa.

Foi necessário (des)esperar longos anos, até às últimas décadas do século XX, para que o homem começasse, aos poucos, a colaborar nas tarefas caseiras.

Mas, se no âmbito familiar se vem constatando (com agrado) uma salutar mudança, na sociedade em geral, a condição da mulher está ainda, em muitas situações, “refém” de velhas mentalidades que, embora de forma não declarada, cerceiam a sua plena igualdade.

Os últimos dados, divulgados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), revelam que, em Portugal, as mulheres ganham, em média, menos 22,1% que os homens.

Outro dos aspectos realçados no relatório da OIT é o facto de, Portugal ser um dos países onde mais trabalhadoras têm a seu cargo dependentes, sejam eles crianças, idosos ou pessoas com incapacidade, constituindo uma barreira ao seu desenvolvimento profissional.

Actualmente, as mulheres estão integradas nos mais diversos sectores de actividade profissional, mesmo naqueles que, até há bem pouco tempo, se destinavam exclusivamente aos homens, nomeadamente, a intervenção em operações militares de alto risco.

Nos últimos anos, a festa comemorativa do Dia Da Mulher é aproveitada por muitas delas, de todas as idades, para sair de casa e festejar com as amigas, em restaurantes, bares e discotecas, o dia que lhes é dedicado, enquanto os homens ficam em casa a desempenhar as tarefas que, “tradicionalmente”, lhe são “impostas” (a elas): arrumar a casa, cozinhar, cuidar dos filhos...

Caro leitor não se esqueça, especialmente neste dia, de demonstrar todo o seu apreço e respeito pelas “mulheres (que fazem parte) da sua vida” (mãe, esposa, filha, irmã, amigas, colegas de trabalho, etc.)… mas não se fique por aqui…

Celebre este dia, “diariamente”, abolindo preconceitos, colaborando mais (com elas) nas tarefas diárias e olhando-as de igual para igual em todas as circunstâncias, quer no interior do seu lar, quer no seu local de trabalho.

Quando todos assim procedermos, deixará de haver necessidade de ter um dia dedicado à mulher.

 

07
Mar19

É preciso e é urgente Cuidar de quem Cuida...


Que vivemos tempos difíceis, ninguém duvida ou questiona...

Provavelmente, a palavra “crise” nunca foi tantas vezes proferida como nos últimos anos: faz manchete nos jornais, é motivo de abertura dos telejornais, dá azo a infindáveis debates televisivos, anda de “boca em boca”, “empurra” o povo para a rua, serve de desculpa e de justificação para (quase) tudo…

No entanto, importa perceber “o que é, afinal, isto da crise”!...

A que crise nos referimos?...

Uma perda de poder económico ou uma fragilidade de valores que sucumbem à pressão do ter e do haver em detrimento do ser?!...   

Tomemos como base, para reflexão, o princípio da inviolabilidade da vida humana, emergindo a saúde como o seu bem mais precioso.

É amplamente difundido e parece consensual que “a saúde não tem preço”!...

Infelizmente, cada vez mais se constata que, esta máxima, encerra em si uma enorme falácia… a saúde sendo, efectivamente, um bem precioso, tem um preço cada vez mais elevado, tornando-se assim, cada vez menos acessível aos mais vulneráveis e dotados de fracos recursos económicos.

Os progressos das ciências médicas, verificados ao longo das últimas décadas, tiveram como consequência o prolongamento da vida (doenças que eram fatais, tornaram-se doenças crónicas).

O número de pessoas com mais de 65 anos, tem aumentado ano após ano, contribuindo para o acréscimo de doentes crónicos e dependentes.

Por outro lado a sociedade mudou, tal como a estrutura familiar.

Temos assistido a um decréscimo da natalidade, o que gera famílias nucleares, em contraponto às famílias numerosas de outrora.

Actualmente, é comum ambos os membros do casal trabalharem fora de casa, o que origina um problema gigantesco quando a doença bate à porta e é preciso alguém que cuide da mãe ou do pai doente e dependente.

Regra geral, é atribuída (leia-se, imposta) à mulher a função de cuidar, o que gera uma sobrecarga física e emocional, muito difícil de gerir.

As famílias vivem dramas inimagináveis, onde grassa o sofrimento, o desespero, o sentimento de impotência, de revolta, de abandono…

É urgente perceber a problemática que atinge esta geração sanduíche que tem filhos menores, que tem os pais dependentes a seu cargo e que, como se não bastasse, ainda lhes é exigido que exerça a sua profissão com empenho e dedicação.

Estas pessoas vivem em permanente conflito consigo próprias, sentem-se exaustas, no limiar das suas forças, completamente fragilizadas e abandonadas à sua sorte porque, na realidade, não existe qualquer apoio social para estas famílias que querem ser as melhores cuidadoras para aqueles que mais amam.

São, muitas vezes, incompreendidas e facilmente rotuladas de “famílias más, negligentes”, “que não querem cuidar dos seus idosos” e que, num derradeiro acto de desespero, os tentam “abandonar” num qualquer serviço de urgência, de um qualquer hospital público.

É fundamental que os profissionais de saúde tenham a capacidade de não cair na tentação de julgar levianamente com base em aparências e suspeitas que se revelam, inúmeras vezes, completamente infundadas e que traduzem, apenas, um pedido desesperado de ajuda e consubstanciam um acto de amor para com aqueles que mais amam e se encontram incapacitados de cuidar.

É essencial ter a sensibilidade e a coragem de querer ver para além do que parece óbvio e… é urgente cuidar de quem cuida e ajudar aqueles que querem cuidar mas não sabem e/ou não têm condições/competências para tal…

 

06
Mar19

Cuidar e... ser Cuidador Informal


Creio que, será útil clarificar alguns conceitos, nomeadamente, em que consiste o acto de “cuidar”:

“Cuidar é um acto individual que prestamos a nós próprios, desde que adquirimos autonomia, mas é igualmente um acto de reciprocidade que somos levados a prestar a toda a pessoa que temporariamente ou definitivamente tem necessidade de ajuda, para assumir as suas necessidades vitais” (COLLIÉRE, 2003).

Agora, que já definimos “cuidar”, importa esclarecer o que se entende por “cuidador” e distinguir entre “cuidar formal” e “cuidador informal”:

“O cuidador é entendido como aquele que cuida, que presta apoio e assistência, a um indivíduo em situação de dependência, podendo esta situação ser permanente e irreversível ou transitória” (WHO, 2004).

"Os cuidadores formais são profissionais contratados, com carácter remuneratório, para a prestação de cuidados no domicílio ou instituição, tendo que haver uma preparação específica para este papel, estando integrados numa actividade profissional, que incluem tarefas inerentes ao conteúdo do exercício laboral, de acordo com competências próprias” (SOUSA, 2011).

“Cuidadores informais ou prestadores de cuidados informais - a família, os amigos ou vizinhos - são os que assumem parte ou a totalidade dos cuidados, de forma não remunerada” (SOUSA, 2011).

É sobre esta última tipologia de cuidadores que, na próxima 6ªf, 8 de Março, serão apresentados, discutidos e votados vários Projectos de Lei (partidos da oposição) e uma Proposta de Lei (Governo), que podem consultar aqui:  http://app.parlamento.pt/BI2/

 

Imagem5.jpg

Os Cuidadores Informais são verdadeiros Heróis e Heroínas, que se dedicam, de corpo e alma, a cuidar de quem amam (porque, acreditem, só cuida quem ama), esquecendo-se de si próprios para levarem a cabo uma tarefa hercúlea... e... infelizmente (na esmagadora maioria das vezes), sem qual reconhecimento e apoio estatal.

Urge, portanto, legislar sobre este assunto... mas... muito mais importante que produzir lei é efectivar apoios, que se traduzam na melhoria da qualidade de vida das pessoas cuidadas e dos respectivos cuidadores.

 

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