A realidade...
"É preciso ser um realista para descobrir a realidade. É preciso ser um romântico para criá-la."
Zona ribeirinha de Portimão
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"É preciso ser um realista para descobrir a realidade. É preciso ser um romântico para criá-la."
Zona ribeirinha de Portimão
Este post surge na sequência de um outro, da autora do blog "pessoas e coisas da vida", intitulado: "Pessimista ou realista?" (respondendo a um "desafio" da mesma...)!
A dado momento do post, a imsilva, escreve:
«Quando dizemos "vai correr tudo bem" "prometo que vai ficar bem" "vais conseguir", sabemos que é só para apoiar e ajudar quem está com problemas e precisa de alento, porque NÃO SABEMOS se vai correr bem. Por isso, prefiro dizer "vamos ver como vai correr" "tenta o melhor que conseguires" e principalmente "estou aqui".»
De facto, a meu ver, não deveremos fazer tais afirmações se não acreditarmos nelas... claro que, não teremos a garantia de que tal se verificará, mas, se tivermos essa forte convicção, não estaremos a proferir palavras "vazias", incorentes, não estaremos a iludir o outro ou a contribuir para que crie uma "falsa expectativa" ( até porque, as expectativas, são criações internas, cada um é responsável pelas expectativas que cria).
A área profissional a que me dediquei (de alma e coração), durante mais de uma década - os Cuidados Paliativos - ensinou-me conceitos como "esperança realista" e a "técnica dos dedos cruzados" que, rapidamente, transportei para a minha vida pessoal...
Aprendi com os meus doentes que, a atitude com que encaramos os acontecimentos da vida, influencia grandemente a forma como lhes sobrevivemos... determina, até, a duração (e a qualidade) da própria vida...
O conceito de "esperança realista" consiste em, não retirando a esperança, levar a pessoa a reflectir sobre a sua situação e a "redimensionar" a sua esperança... ou seja, substituir um objectivo demasiado "ambicioso" (e impossível de alcançar) por outro que seja exequível...
Um exemplo concreto... quando uma pessoa em fim de vida me perguntava:
"Enfermeira Z, eu vou ficar boa?... vou ficar curada?"... eu respondia: "não lhe posso garantir que vai ficar boa, que se vai curar... mas... posso ajudá-la a controlar a dor que a sua doença lhe provoca... o que lhe parece?..."
A técnica dos dedos cruzados, impele-nos a encarar os problemas com uma atitude positiva, ou seja, o objectivo (o foco) é esperar (desejar), sempre, o melhor, no entanto, tendo presente que, a possibilidade de "correr tudo mal" é real e não pode ser desprezada e, por isso, é preciso conceber um "plano B" para responder a essa eventualidade...
Um exemplo concreto... quando uma pessoa em fim de vida me dizia:
"Enfermeira Z, tenho a certeza que esta quimioterapia me vai curar!"... eu respondia: "oxalá assim seja, mas, se a quimioterapia não resolver o problema, continuarei ao seu lado para a ajudar a controlar os sintomas que a sua doença lhe causa!"
Voltando a pegar nas palavras da imsilva: "estou aqui"! ... será, sempre, uma excelente atitude!
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